Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), o direito à liberdade compreende, dentre outras coisas, à convivência familiar e comunitária, sem discriminação. Mas não é preciso uma lei para dizer o óbvio, a criança tem o direito nato de convivência com a sua família, nuclear (pai, mãe e irmãos) e alargada (tios, primos, avós…).
E não só o direito, mas principalmente o desejo. Em regra, os filhos desejam os seus pais juntos e em quase todos os casos os filhos amam pai e mãe mesmo com seus defeitos e dificuldades, irrestritamente. Quando há um rompimento da relação entre os pais, é possível que os filhos se sintam perdidos e até culpados, sintam-se impelidos a escolher entre um ou outro, especialmente àquele com quem mantém maior convivência ou àquele que demonstra maior sofrimento.
É possível que os filhos sintam a necessidade de “tomar partido” de um dos pais, mas não é saudável. É preciso compreender que a dissolução da relação amorosa não dissolve os vínculos de mãe e pai, nem muito menos os de avós, tios e primos. E precisamos compreender ainda que a família é a nossa estrutura, ainda que não seja ideal e que a escolha do pai ou mãe dele foi nossa (e não da criança).
Quando há uma separação com filhos, além da nossa dor do luto dos sonhos e projetos em comum, precisamos reconhecer a dor dos filhos e acolhê-la, ou mesmo pedir ajuda para isso. Deixar de lado as dificuldades do ex-casal para reconhecer que o filho é indissolúvel pode ser bastante incômodo e doloroso, mas é assim, e sendo assim, vamos tentar fazê-lo da melhor forma.
Uma comunicação básica assertiva entre os pais, sobre os filhos, é necessária para a saúde mental de todos os envolvidos. A comunicação não violenta (CNV) nos aponta um caminho minimamente seguro. Comunicar o fato (e não a sua interpretação dele), qual o sentimento que isso gera em você (e não como o outro faz você se sentir) e qual a sua necessidade (sem para isso superestimar a atitude do outro) é fundamental. Bem como, escutar o outro de forma a captar o fato, o sentimento e a necessidade dele, limpando a comunicação de mágoas e provocações é um desafio e uma necessidade. Para a sua saúde mental, para a saúde mental do seu filho e para uma relação saudável entre vocês.
Acredite que é possível continuar a ser família após o divórcio!
Tayora Dantas
Psicóloga CRP 19/1073
Gestão de Conflitos em Separação e Divórcio.
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